China recusa habilitação de frigoríficos. Setor segue otimista com as exportações mesmo com tensões diplomáticas.
O serviço sanitário da China recusou a proposta feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para autorizar mais frigoríficos a exportar carnes ao país asiático. As informações são do Valor Econômico.
A decisão da China frustra grandes frigoríficos como JBS, Marfrig e Minerva, que demonstravam otimismo com o resultado da visita feita por técnicos sanitários do país asiático em novembro do ano passado. Na ocasião, os chineses visitaram dez abatedouros de aves e bovinos.
No segmento, havia esperança de que as habilitações fossem até mais numerosas do que o total de plantas visitadas. Pequim chegou a sinalizar que as visitas serviriam como amostragem para as autoridades sanitárias do país apreciarem uma lista de mais de 70 abatedouros que estavam em processo mais avançado para a habilitação.
Neste momento, o relatório da visita sanitária da China está sendo traduzido no Brasil, mas fontes a par da resposta chinesa dizem que Pequim exigirá um novo plano de ação para os frigoríficos exportadores. Só depois disso o processo de habilitação de novas unidades será retomado. Com isso, as novas habilitações devem demorar mais.
Nesse processo, os frigoríficos brasileiros perdem oportunidades de ocupar -- ainda mais -- o espaço aberto pelo surto de peste suína africana na China. 0 presidente da Minerva Foods, Fernado Galletti de Queiroz, afirmou que os abatedouros atualmente habilitados estão no limite da capacidade. Hoje, 16 abatedouros de bovinos, 33 de frango e nove de suínos estão autorizados a vender carnes à China.
Questão diplomática pode ser motivador da recusa.
Além dos impactos comerciais, a decisão do país asiático levantou preocupações do ponto de vista diplomático. Uma fonte do setor privado ouvida pela reportagem teme que a postura de Pequim seja uma resposta do país às declarações hostis feitas por representantes do governo brasileiro -- inclusive o presidente Jair Bolsonaro, que criticou a China durante a campanha eleitoral.
O chanceler Ernesto Araújo provocou irritação em representantes do agronegócio ao dizer, em cerimônia no Instituto Rio Branco, que o Brasil não vai "vender a alma" para exportar soja e minério de ferro, produtos que têm a China como maior país comprador. A bancada ruralista enviou uma carta criticando as declarações.
Em meio à preocupação com a relações entre Brasil e China, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse em evento em Washington, que pretende visitar o país asiático no início de maio para ampliar o número de frigoríficos autorizados.
No médio prazo, porém, representantes do setor privado seguem otimistas com as exportações para a China mesmo com as tensões diplomáticas. "Eles vão precisar de carne no segundo semestre", afirmou uma fonte, citando a drástica redução do plantel de suínos. A China já sacrificou quase 1 milhão de animais em razão da peste suína.
Uma das fontes ponderou, ainda, que as declarações feitas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington, podem amenizar a situação com os chineses. "Eu digo ao presidente: amamos os americanos, mas me deixe fazer comércio com quem for mais vantajoso", afirmou o ministro a investidores.
Fonte: Equipe feed&food.
Abrafrigo aguarda documento chinês para se posicionar
A Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), divulgou nota esclarecendo que somente irá se posicionar sobre a decisão do governo chinês de não autorizar a ampliação do número de frigoríficos brasileiros que exportam carnes para aquele mercado, a partir de inteiro conhecimento do teor do documento enviado à embaixada brasileira na China no ultimo dia 15. Segundo a ABRAFRIGO, o documento possui 38 páginas e ainda está sendo traduzido e, por isso, “a entidade irá aguardar a sua distribuição às entidades privadas pelo MAPA, assim como a posição do ministério sobre o assunto”. Atualmente, a China representa mais de 40% da carne bovina exportada pelo país e, na soma geral das carnes bovina, suína e de frangos, este mercado representa US$ 14,7 bilhões anuais nas exportações brasileiras. “Não temos conhecimento, ainda, de nenhuma alegação técnica do governo chinês para este posicionamento, o que virá somente com o final do trabalho de tradução”, disse o Presidente Executivo da entidade, Péricles Salazar.
Assessoria de Imprensa ABRAFRIGO
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