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Frigoríficos já encaram problema na venda ao Irã

Frigoríficos já encaram problema na venda ao Irã


Criado: 25 Junho 2019 | Atualizado: 25 Junho 2019
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O recrudescimento da crise entre Estados Unidos e Irã já atrapalha os frigoríficos brasileiros que vendem carne bovina ao país persa, segundo fontes do setor privado. No acumulado deste ano, o Irã é o terceiro maior importador da carne nacional, só atrás de China e Hong Kong. Entre janeiro e maio, os exportadores receberam mais de US$ 200 milhões para enviar carne ao mercado iraniano, o que representou quase 8% do total exportado pelos brasileiros.

O presidente americano, Donald Trump, anunciou uma nova rodada de sanções ao Irã. Na última semana, a tensão entre os dois países se intensificou após a derrubada, pelos iranianos, de um drone dos EUA. Washington chegou a preparar um ataque militar ao território iraniano, mas Trump abortou a ofensiva na última hora.

Para os frigoríficos brasileiros, a escalada no conflito diplomático reforçou a decisão dos exportadores de colocar o pé no freio. Ao Valor, o dono de um frigorífico de médio porte afirmou que há quase dois meses não fecha novos contratos de exportações para o Irã.

“Faz tempo que eles não fazem novos negócios”, ressaltou um executivo de um grande exportador, acrescentando que a redução das vendas reflete a ausência de leilões de importação do órgão estatal iraniano. O país não vem conseguindo ter acesso a divisas.

Além dos reflexos negativos da pressão de Trump, os exportadores de carne bovina enfrentam dificuldades adicionais para conseguir bancos no Brasil que aceitem receber os recursos oriundos do Irã.

No início de maio, funcionários do Banco Paulista foram presos em um desdobramento da Operação Lava-Jato. A instituição financeira era uma das poucas que firmava contratos com os frigoríficos para viabilizar o recebimento dos recursos das vendas ao Irã. “Até por compliance, temos que buscar outros bancos”, afirmou outro executivo.

Procurado pelo Valor, o embaixador do Brasil no Irã, Rodrigo de Azeredo Santos, ponderou que ainda é preciso avaliar os impactos das novas sanções americanas. “Vamos aguardar um pouco mais para entender o alcance”, afirmou, ressaltando que os produtos agrícolas não estão na lista.

De qualquer forma, a dificuldade em fechar novos contratos tende a aparecer nas estatísticas nos próximos meses, reduzindo o ritmo de crescimento das vendas. Entre janeiro e abril, os embarques diretos de carne bovina para o Irã renderam US$ 114 milhões, somando 32 mil toneladas, segundos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura. Trata-se de uma alta de 12% ante as 28 mil toneladas de igual período do ano passado.

Ao volume de exportações diretas, deve ser somada às vendas indiretas, por via terrestre, a partir de Turquia, Emirados Árabes Unidos e Omã. Os embarques indiretos ao Irã visavam a driblar as restrições dos armadores após as sanções dos Estados Unidos. Segundo dados obtidos pelo Valor, os embarques indiretos de carne bovina ao Irã totalizaram outras 44 mil toneladas nos primeiros cinco meses do ano. Agora, no entanto, até as vendas indiretas começam a ser afetadas, conforme fontes do setor privado.

Se considerada as vendas diretas e indiretas – o Ministério da Agricultura ainda não compilou os números de maio -, os embarques chegam a 85 mil toneladas, segundo uma fonte da indústria.

Além das carnes, o Irã também é um grande comprador de grãos do Brasil. De acordo com os últimos dados compilados pelo Ministério da Agricultura, os iranianos gastaram US$ 829 milhões para comprar produtos agrícolas brasileiros entre janeiro e abril. Desse total, US$ 303 milhões foram gastos para importar soja em grão e US$ 279 milhões para comprar milho.

Assim como os frigoríficos, as tradings que comercializam grãos podem ter as vendas afetadas pelas sanções. Nesse caso, porém, a existência de companhias chinesas, como a Cofco, pode atenuar o problema de fornecimento. A China mantém boas relações com o Irã, fornecendo divisas ao país persa a partir da importação de petróleo.

Fonte: Valor Econômico.



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