FRANGO: AS OPORTUNIDADES DA CERTIFICAÇÃO HALAL
Muitas empresas brasileiras estão de olho no segmento halal - produtos destinados ao mercado muçulmano. Muito mais do que respeito aos aspectos religiosos, a certificação halal representa uma vantagem competitiva em mercados como o europeu, oriental, asiático e africano.
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas) os muçulmanos somam 25% da população mundial e o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo. Os muçulmanos consomem apenas alimentos halal, seguindo os preceitos do Alcorão, livro sagrado do Islam. O termo significa produto lícito para consumo, ou seja, durante o processo de produção foram respeitados quesitos diversos sanitários e religiosos.
Conforme a Ubabef (União Brasileira de Avicultura), de janeiro a junho de 2012, o Brasil exportou 1,987 milhões de toneladas de carne de frango, sendo que 36% deste volume teve como destino os países árabes. Dados da Abiec (Assocociação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) mostram que até setembro deste ano, 32% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil tinha o selo halal. Neste mesmo período, o Brasil obteve faturamento de US$ 180,6 bilhões com as exportações, sendo US$ 10,6 bilhões com os envios ao mundo árabe, segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O Brasil é um dos países que mais exporta produtos halal, mas tem muito ainda a avançar neste mercado. O potencial de consumo halal gira em torno de US$ 580 bilhões ao ano, sendo que entre US$ 120 bilhões e US$ 130 bilhões estão concentrados em 22 países árabes.
Como obter a certificação
Para ser considerado alimento halal, o produto tem que seguir os preceitos do Islam e obter uma certificação que comprove que o processo seguiu as normas. No Brasil são apenas três empresas habilitadas a certificar produtos halal.
Chapecó é sede de uma delas. A Siilhalal – Serviço de Inspeção Islâmica foi fundada em setembro de 2008 por Chaiboun Darwiche. Nascido no Líbano, o especialista no mercado halal está no Brasil há 24 anos e já trabalhou para a Chapecó Alimentos. Atuando no segmento há mais de 22 anos, Darwiche diz que o fato de Chapecó ser um centro da produção e industrialização de alimentos motivou a escolha da cidade como sede da certificadora.
A certificação Halal garante a qualidade da produção e a possibilidade de abertura de novos mercados além do universo muçulmano. Mesmo sem ter maioria islâmica, muitos mercados, como o Japonês, compram produtos halal pela sua confiabilidade. “A qualidade halal é desejada por muitos compradores”, afirma Darwiche.
Alimentos, cosméticos e, mais recentemente, remédios necessitam da certificação halal para acessar o consumidor árabe. Para uma indústria obter a certificação o primeiro passo é a verificação da planta e da linha de produção. Após a confirmação de que a empresa preenche todos os requisitos, inicia o treinamento das equipes. Todo o processo do produto é acompanhado - do abate, passando pela embalagem, até o embarque no porto, por um supervisor técnico. A cada três meses um Sheik faz uma auditoria na empresa para ver se o processo está correto.
A Siilhalal já certificou para exportação halal indústrias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e, agora, está certificando também no Mato Grosso do Sul. “Com a certificação halal é possível exportar para qualquer país do mundo”, afirma Darwiche.
Halal contribui para 52% do faturamento da Copagril
Há três anos, a Cooperativa Agroindustrial Copagril, de Marechal Candido Rondon, Paraná, possui a certificação. A implantação do sistema de produção halal na indústria de aves não foi difícil, segundo o gerente comercial José Aparecido de Lima. “Após um período de avaliações, treinamento e adaptações, o sistema halal foi implantado sem grandes dificuldades”.
Conforme Lima, a certificação abriu mercados e deu a oportunidade de captar novos clientes. Hoje, a indústria exporta para 36 países e 52% do faturamento da unidade de aves provêm das exportações. Lima afirma ainda que a certificação halal é uma exigência da maioria dos clientes externos. “Países do Oriente Médio, alguns países da Europa e África do Sul pedem o selo halal”.
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